quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O Beco do Chão Salgado




O Beco do Chão Salgado dos Távora guarda em Belém a memória da condenação e da execução dos Távoras,  no dia 13 de janeiro de 1759, no tempo de D. José I e do futuro Conde de Oeiras (15 de julho de 1759) e  Marquês de Pombal (1770) no espaço que vai do nº 124 da Rua de Belém até ao nº 116 da mesma Rua de Belém.

A condenação do Duque de Aveiro e da sua família por alegada participação no atentado contra D. José I em 1758, que conduziu a que o palácio desta família – Palácio Aveiro -, em Belém, fosse confiscado, arrasado e simbolicamente, salgado o seu chão.  No local, foi também erguida em 1759, uma coluna cilíndrica , de 5 metros de altura, com 5 anéis, conhecida como  Padrão ou Obelisco do Chão Salgado.


Na sua base encontra-se a seguinte inscrição:

"AQUI FORAM ARRASADAS E SALGADAS AS CASAS DE JOSÉ MASCARENHAS, EXAUTORADO DAS HONRAS DE DUQUE DE AVEIRO E OUTRAS CONDEMNADO POR SENTENÇA PROFERIDA NA SUPREMA JUNCTA DE INCONFIDÊNCIA EM 12 DE JANEIRO DE 1759. JUSTIÇADO COMO UM DOS CHEFES DO BÁRBARO E EXECRANDO DESACATO QUE NA NOITE DE 3 DE SETEMBRO DE 1758 SE HAVIA COMETIDO CONTRA A REAL E SAGRADA PESSOA DE D. JOSÉ I. NESTE TERRENO INFÂME SE NÃO PODERÁ EDIFICAR EM TEMPO ALGUM".



Todavia, a proibição de construir neste terreno deixou de ser respeitada logo no reinado seguinte – o de D. Maria I – e assim o que resta do sítio do Chão Salgado é nos nossos dias um acanhado beco.

A execução pública dos Távoras, com o rei e a corte presentes, teve lugar num patíbulo erguido na Praça de Belém (conforme é citada nos documentos testemunhais da época),  às 8 horas da manhã do sábado 13 de janeiro de 1759, sendo primeiro degolada a marquesa de Távora, D. Leonor Tomásia, que era uma forma de execução reservada aos membros da nobreza, por ser mais rápida e indolor, sendo depois todos os outros, tendo no final sido queimados e as cinzas deitadas ao Tejo. A condenação da Marquesa de Távora, que tinha um confessor jesuíta, permitia envolver os jesuítas no processo e era uma forma de extinguir a casa de Távora. Vinte e dois anos depois, em 1781, a pedido do marquês de Alorna, familiar dos condenados, uma junta composta por vários desembargadores reanalisou o processo dos Távoras e publicou uma sentença revisória que apontou várias irregularidades e absolveu vários dos condenados, incluindo a marquesa de Távora, embora confirmando a culpabilidade do Duque de Aveiro. Contudo, nunca a rainha D. Maria I confirmou esta revisão da sentença, apesar de desprezar o Marquês de Pombal, tanto mais que lhe retirou todos os poderes e expulsou-o de Lisboa com um decreto proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas (pouco mais de 32 quilómetros) da capital.

O sítio do Chão Salgado recebeu em 1848 uma praça construída no local pela edilidade, para nela colocar um Chafariz que veio substituir o Chafariz da Bola, obra do arqº  Malaquias Ferreira Leal e do escultor Alexandre Gomes, mas que em 1940 foi retirado, por ocasião da Exposição do Mundo Português e sete anos depois, foi colocado no Largo do Mastro




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