O Beco do Chão Salgado dos Távora guarda em Belém a memória da condenação e da execução dos Távoras, no dia 13 de janeiro de 1759, no tempo de D. José I e do futuro Conde de Oeiras (15 de julho de 1759) e Marquês de Pombal (1770) no espaço que vai do nº 124 da Rua de Belém até ao nº 116 da mesma Rua de Belém.
A condenação do Duque de Aveiro e da sua família por alegada
participação no atentado contra D. José I em 1758, que conduziu a que o palácio
desta família – Palácio Aveiro -, em Belém, fosse confiscado, arrasado e
simbolicamente, salgado o seu chão. No local, foi também erguida em 1759,
uma coluna cilíndrica , de 5 metros de altura, com 5 anéis, conhecida como
Padrão ou Obelisco do Chão Salgado.
"AQUI FORAM ARRASADAS E SALGADAS AS CASAS DE JOSÉ
MASCARENHAS, EXAUTORADO DAS HONRAS DE DUQUE DE AVEIRO E OUTRAS CONDEMNADO POR
SENTENÇA PROFERIDA NA SUPREMA JUNCTA DE INCONFIDÊNCIA EM 12 DE JANEIRO DE 1759.
JUSTIÇADO COMO UM DOS CHEFES DO BÁRBARO E EXECRANDO DESACATO QUE NA NOITE DE 3
DE SETEMBRO DE 1758 SE HAVIA COMETIDO CONTRA A REAL E SAGRADA PESSOA DE D. JOSÉ
I. NESTE TERRENO INFÂME SE NÃO PODERÁ EDIFICAR EM TEMPO ALGUM".
Todavia, a proibição de construir neste terreno deixou de ser respeitada
logo no reinado seguinte – o de D. Maria I – e assim o que resta do sítio do
Chão Salgado é nos nossos dias um acanhado beco.
A execução pública dos Távoras, com o rei e a corte presentes, teve lugar
num patíbulo erguido na Praça de Belém (conforme
é citada nos documentos testemunhais da época), às 8 horas da manhã do
sábado 13 de janeiro de 1759, sendo primeiro degolada a marquesa de Távora, D.
Leonor Tomásia, que era uma forma de execução reservada aos membros da nobreza,
por ser mais rápida e indolor, sendo depois todos os outros, tendo no final
sido queimados e as cinzas deitadas ao Tejo. A condenação da Marquesa de
Távora, que tinha um confessor jesuíta, permitia envolver os jesuítas no
processo e era uma forma de extinguir a casa de Távora. Vinte e dois anos
depois, em 1781, a pedido do marquês de Alorna, familiar dos condenados, uma
junta composta por vários desembargadores reanalisou o processo dos Távoras e
publicou uma sentença revisória que apontou várias irregularidades e absolveu
vários dos condenados, incluindo a marquesa de Távora, embora confirmando a
culpabilidade do Duque de Aveiro. Contudo, nunca a rainha D. Maria I confirmou
esta revisão da sentença, apesar de desprezar o Marquês de Pombal, tanto mais
que lhe retirou todos os poderes e expulsou-o de Lisboa com um decreto
proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas (pouco mais de 32
quilómetros) da capital.
O sítio do Chão Salgado recebeu em 1848 uma praça construída no local pela edilidade, para nela colocar um Chafariz que veio substituir o Chafariz da Bola, obra do arqº Malaquias Ferreira Leal e do escultor Alexandre Gomes, mas que em 1940 foi retirado, por ocasião da Exposição do Mundo Português e sete anos depois, foi colocado no Largo do Mastro
Sem comentários:
Enviar um comentário