terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Tapada Nacional de Mafra

 Criada no reinado de D. João V, após a construção do Convento de Mafra, como parque de lazer para o Rei e a sua corte, a Tapada Nacional de Mafra é uma representativa envolvente florestal e natural desenhada junto ao principal monumento da vila.

Possui 819 hectares integralmente protegidos por um muro histórico com 21 quilómetros, num espaço ocupado quase na totalidade por um manto verde onde coabitam em liberdade populações de animais selvagens. Além disso, há uma grande variedade de flora no perímetro da Tapada.

A flora da Tapada de Mafra, que se modificou ao longo dos tempos, contempla espécies como o sobreiro, o pinheiro-manso e diferentes variedades de carvalhos, para além de muitos tipos de arbustos. Pelo menos três exemplares foram classificados como Árvores de Interesse Público: um castanheiro-da-índia; uma olaia com aproximadamente 120 anos; e um sobreiro com cerca de 300 anos.

Quanto à fauna, as aves são dos grupos mais representativos da Tapada Nacional de Mafra. Podemos encontrar exemplares de águia-de-bonelli, bufo-real, açor e águia-cobreira, para além de espécies de porte mais pequeno. Nas áreas junto às ribeiras, encontramos salamandras, rãs, cágados e várias espécies de cobras. Quanto a mamíferos existem, entre outros, gamos, veados, javalis, texugos e raposas.

É desde 2019, Património Mundial da UNESCO.








































terça-feira, 18 de janeiro de 2022

"Luzes da Cidade"

 Em 15 de Abril de 1941, enquanto mais de metade da Europa se debatia com uma guerra devastadora, as preocupações das autoridades municipais de Lisboa eram mais mundanas. Organizava-se então o concurso de Montras Iluminadas, segundo dava conta a revista “Mundo Gráfico”, numa altura em que duzentos estabelecimentos comerciais já dispunham «dos mais modernos preceitos de uma boa iluminação», testemunhando a «forma inteligente por que o comércio lisboeta (…) tem conseguido a iluminação racional dos nossos estabelecimentos». Os letreiros de néon triunfavam na noite da capital, marcando uma época














































Com o marido, Paulo Barata, igualmente designer, Rita Múrias iniciou os esforços de recolecção, procurando salvaguardar o que pudessem como despojos de uma era perdida. “A primeira aquisição aconteceu muito perto de nossa casa”, diz a designer. Havia uma sapataria com um letreiro lindo de ferro, produzido na década de 1940. O proprietário já o tinha removido porque não queria pagar mais taxas camarárias. A loja estava em decadência. Oferecemo-nos para ficar com o letreiro.” E nasceu a ideia de criar uma colecção.

O casal estabeleceu uma meta: tentaria recuperar pelo menos um letreiro por semana. Durante quatro meses, cumpriu o objectivo, persuadindo os lojistas a salvaguardar a memória e compreendendo uma verdade mais fundamental: as lojas integram-se no quotidiano dos bairros, fundem-se e tornam-se parte da identidade colectiva. “Perante a vaga de destruição natural que está a ocorrer em Lisboa, pareceu-nos digno tentar salvaguardar parte desse património”, diz Paulo Barata. Porque uma loja é muito mais do que um estabelecimento comercial, tal como um letreiro tem um significado mais transcendente do que um conjunto de metal, luzes e circuitos eléctricos. 


Paulo Barata e Rita Múrias reconhecem que a sua colecção (a partir de agora, preservada em instalações cedidas pela autarquia em Campolide) é uma gota de água na diversidade tipográfica que então dominou a cidade. É um instantâneo de uma era que se esfumou sem que quase déssemos por isso. “No início do século XX, muitas fachadas eram pintadas. Hoje, não resta uma. As cidades mudam e queremos salvaguardar uma pitada da cidade que se perdeu”, resumem os designers

Se tiver um letreiro do século XX à sua guarda, não hesite. Contacte a equipa em letreiro.galeria@gmail.com e ajude a preservar uma página da história de Lisboa, a cidade das mil fachadas.







Estoril anos 30