Faça de conta que é uma visita de estado neste passeio pelo Palácio de Belém e fique a conhecer a casa do Presidente da República Portuguesa.
Detalhes
Sinta-se Presidente da República Portuguesa por umas horas e
faça do Palácio de Belém a sua residência oficial em Lisboa.
Nesta antiga quinta dos Condes de Aveiras, comprada por D.
João V em 1726, encontra a residência oficial do presidente de Portugal.
Hoje em dia é o palco de receções oficias, com as suas salas e salões decoradas por Columbano, Malhoa, João Vaz e Leandro Braga.
Este palácio foi a residência de D. Maria II e, mais tarde,
D. Carlos fez desta a sua residência oficial.
Descubra a história atribulada dos ocupantes deste palácio
ao longo dos séculos, enquanto passeia pelas escadarias dos jardins
impressionantes com vista para o Tejo; e pelas salas que testemunharam as
reviravoltas da história recente de Portugal
Salas Protocolares
Sala das Bicas
A Sala das Bicas é um dos espaços mais conhecidos do Palácio de Belém.
Imagens desta sala são transmitidas frequentemente na televisão, à entrada ou à
saída das audiências concedidas pelo Presidente da República. É também por aqui
que se iniciam as visitas guiadas ao Palácio de Belém.
As bicas que jorram água da boca de dois leões, desde o século XVII, dão o
nome à sala, marcada, na sua decoração, pelo mármore preto e branco, os azulejos,
os bustos de imperadores romanos e os panos tapa-portas com as armas do
Rei D.
João V, primeiro proprietário régio do Palácio. No centro, sobre uma mesa-bufete
ao gosto português do século XVII, está sempre o Livro de Honra, assinado por
todos os chefes de Estado que visitam Portugal.
No teto encontra-se a maior tela pintada do Palácio de Belém. Atribuída
a Vitorino
Manuel da Serra, a pintura, do século XVIII, sugere uma enorme estrutura em talha dourada,
aberta para o céu, onde está representada a deusa Flora.
Sala de Jantar
A Sala de Jantar do Palácio de Belém é usada regularmente pelo Presidente
da República, para almoçar ou jantar com convidados seus. A mesa comporta cerca
de 24 pessoas sentadas. Para banquetes de Estado, ou refeições com comitivas
alargadas, é utilizado, normalmente, o Palácio Nacional da Ajuda, mas também o Palácio
da Cidadela de Cascais.
A primeira notícia que refere a existência de uma sala de jantar em Belém
data do reinado de D.
Maria II e D. Fernando II, durante o período em que residiram no
Palácio. Foi nesta sala que se realizou o último jantar oficial da monarquia,
oferecido pelo Presidente do Brasil, Hermes
da Fonseca, ao Rei D.
Manuel II, no dia 3 de outubro de 1910. As peripécias e o nervosismo dos comensais
ficaram descritos nas memórias que o então mordomo do palácio, Vital Fontes,
escreveu décadas mais tarde.
Durante a Presidência de António Ramalho Eanes (1976-1986), a
Sala de Jantar foi adaptada para instalar o Museu da
Presidência da República. Expunha os presentes recebidos pelo Chefe do Estado.
Podia ser visitada pelo público nos dias do Render da Guarda e noutros dias, marcados
previamente.
Nas paredes encontram-se, hoje, alegorias aos cinco sentidos, trabalho
flamengo do século XVII, de artista não conhecido. Cada sentido é representado
por uma figura feminina e pelo animal que popularmente lhe está associado: a
águia à visão; o cão ao olfato; a raposa à audição; a catatua ao tato; o macaco
ao paladar. Estas cinco pinturas faziam parte da coleção de arte do conde de
Burnay e foram compradas pelo Estado português.
No dia-a-dia presidencial, esta sala torna-se uma área de passagem para a
sala seguinte, no entanto, está sempre preparada para acolher receções e
momentos festivos.
Deve o nome ao tom dominante da decoração: o dourado dos tecidos das
paredes, dos móveis, do lustre, do teto e até do grande tapete de Beiriz que cobre quase toda a sala.
O teto poderá ser uma encomenda do reinado de D.
José, combinando um trabalho muito requintado de talha dourada, atribuído
a Silvestre
Faria Lobo, com telas figuradas, evocando, a central, o Concílio dos Deuses.
No princípio do século XX, a Sala Dourada foi remodelada. A partir de 1960,
passou a apresentar uma pintura a óleo atribuída ao ateliê de Peter
Paul Rubens: Cristo Triunfante da Morte e do Pecado, do Museu Nacional de Arte Antiga.
Sala Império
Nesta sala aguardam todas as pessoas que têm audiência marcada com o
Presidente da República; esperam que um ajudante-de-campo ou um assessor as
acompanhe até ao Gabinete Oficial.
Foi Sala de Bilhar, no tempo em que os príncipes D. Carlos e D.
Amélia viveram no palácio, entre 1886 e 1889; também se chamou Sala D. João
V, pois nela existiu um busto deste Rei. No presente, é a Sala Império, por
causa do estilo dos móveis que aqui se encontram, moda que surgiu durante o
período do imperador francês, Napoleão.
O teto apresenta uma pintura a fresco, atribuída a Máximo
Paulino dos Reis, que a terá executado por volta de 1820; o tema central retrata, de forma
alegórica, o Rei D. João VI.
Terá sido nesta sala que D. Maria II negociou com Passos
Manuel, o chefe do Governo, num episódio político que ficou conhecido como
a Belenzada (1836); a Rainha, mais
conservadora, cedeu à posição progressista de Passos, defensor do esvaziamento
de poderes da monarca.
Sala dos Embaixadores
Esta sala é utilizada para várias funções do Presidente da República, uma
delas é a apresentação das cartas credenciais dos novos embaixadores, oriundos
de países estrangeiros acreditados em Portugal.
Quando D. Carlos e D. Amélia viveram no palácio, chamou-se Sala da
Princesa, pois era contígua ao seu quarto de dormir. Os brasões pintados no
teto testemunham esse tempo: de um lado, o brasão dos Bragança, alusão a D.
Carlos, do outro, o brasão bipartido, metade Bragança, metade Orléans,
referência a D. Amélia, de origem francesa.
O lustre com a águia bicéfala e as luminárias de parede, em cristal de
Murano, foram comprados pelo Rei D. Fernando II, durante uma viagem a Itália,
para o Palácio
das Necessidades, onde vivia. Encontram-se no Palácio de Belém desde 1913. Os móveis
reproduzem o gosto Luís
XV, executados em 1903 por José Emídio Maior. Um tapete de
Beiriz, com fauna e flora exóticas, cobre o chão da sala. Trata-se de uma
reprodução do original, deteriorado com o uso, oferecido pelo Brasil a
Portugal, durante a I República.
Na sequência do assassínio do Presidente Sidónio
Pais, a 14 de dezembro de 1918, o seu corpo esteve em câmara ardente nesta
sala. Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, sucessivos governos aqui tomaram
posse, tradição que se prolongou até julho de 1976, com o I Governo
Constitucional.
Capela
A capela — ou oratório — não é, no presente, espaço de culto, mas
continua a expor obras artísticas relacionadas com a devoção cristã.
Diretamente ligada à Sala Dourada, é, hoje, um espaço de visita.
Nesta capela foi batizado D.
Manuel, filho dos príncipes D. Carlos e D.
Amélia, no período em que viveram no Palácio de Belém. Também o segundo filho do
Presidente António Ramalho Eanes aqui recebeu o
mesmo sacramento, em 1977.
No âmbito de uma grande remodelação, já no início deste século, o Presidente Jorge Sampaio convidou a pintora Paula Rego a pensar e produzir um trabalho artístico para a capela. Dessa encomenda resultou o Ciclo da Vida da Virgem Maria: oito quadros, a lápis pastel, que retratam os momentos mais importantes de Maria, e que a artista ofereceu ao Palácio de Belém. A contemporaneidade do ciclo da Virgem convive com outras peças de matriz cristã, de séculos anteriores, como a Virgem do Leite e as Santas Mães, esculturas coimbrãs, ou a Adoração dos Pastores, do pintor André Reinoso
.
Gabinete Oficial
O Gabinete Oficial é o centro da atividade política do
Presidente da República. Aqui são recebidas todas as pessoas, instituições que
constam da sua agenda, nas chamadas audiências; também os líderes partidários,
os Chefes de Estado estrangeiros em visita a Portugal, assim como o
primeiro-ministro, para as reuniões semanais, tradicionalmente à quinta-feira.
A par com a Sala das Bicas, é o espaço mais divulgado na comunicação social.
Não
havendo nada que o imponha, é esperado que a tomada de posse de um novo
Presidente leve à redecoração do gabinete, sem sair, no entanto, a Cadeira
dos Leões, usada por todos os presidentes e, hoje, um ícone associado à figura
do Chefe do Estado português.
A talha dourada do teto foi introduzida por Leandro Braga, um reconhecido artista que trabalhou para vários palácios reais durante o último quartel do século XIX. Foi quarto de dormir da princesa D. Amélia até 1889, e aí nasceram os seus dois filhos, D. Luís Filipe e D. Manuel, depois serviu para acolher Chefes de Estado estrangeiros em visita a Portugal. Aqui pernoitaram: o Rei Afonso XIII de Espanha (1903), o Imperador Guilherme II da Alemanha (1905) e o Presidente da República Francesa, Émile Loubet (1905).
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